Capítulo 1: A supressão da visão interna
Introdução:
Deus não erra em seu imenso plano de Perfeição. Toda capacidade, inteligência, sensibilidade e visão interna, deverão estar em perfeita consonância com as necessidades de nossa vida dentro desse plano evolutivo, assim como de acordo com o apropriado desenvolvimento moral e espiritual alcançado até o momento. São infinitas as possibilidades, e não cabe a nós julgar se “essa” ou “aquela” capacidade ou poder faz de alguém “mais” ou “menos” “evoluído”. Apenas o que podemos saber, é que, todo aquele que apresentar elevado grau de maturidade moral e espiritual, lapidado por meio da disciplina, autocontrole, domínio próprio e pureza de coração, através das eras, sem dúvida terá disponíveis para si poderes e sensibilidade extraordinários, conforme explicado pelo Mestre a seguir. Naturalmente, organicamente, esse é o caminho.
Mestre:
O homem não cultivou, nem preservou o hábito da disciplina em sua vida, e a Vida o fustiga em seu equilíbrio. Aceitar um pensamento negativo já é um grande perigo, quanto mais deixar que ele crie vida e aumente a sua força. Quando ele toma dimensões gigantescas se enraizando em vossa mente e coração é muito difícil livrar-se de tais hábitos.
Muitas vezes nos é dificultada a precognição, para que o vosso espírito não se atormente antecipadamente, perdendo o seu equilíbrio. Os eventos futuros são desconhecidos para vós, para que vossa mente e coração não fiquem angustiados. O esquecimento, que adveio com a incapacidade da visão interna, propositadamente suprimida, foi para que o vosso pouco equilíbrio e autocontrole fossem resguardados. A Sabedoria Divina dosa com Infinito Amor e Prudência aqueles dons que podem vos auxiliar, e aqueles que devem ficar secretamente guardados à espera de vosso amadurecimento. Como dar um objeto perigoso a uma criança insegura e medrosa? Grandes dons associados a grandes realizações estão à espera de vossa adequação a níveis mais elevados de sabedoria. Estes dons têm sido dados parcimoniosamente a alguns, que já se mostraram prontos para merecê-los e desenvolvê-los. Grande parte da Humanidade ainda deve aprender a sustentar o autocontrole e o domínio próprio, para depois ver ampliadas as tarefas construtivas.
(Mestre El Morya em “As Escolhas”)
Mestre:
Se o Eu não é contactado, não pode ser conhecido. Antes que os passageiros embarquem, deve-se testar a nave. Se tu buscas os “Siddhis” (poderes psíquicos, mentais, intuicionais, etc) tem cuidado!... Os Siddhis são o fruto de muitas vidas de pureza e de constante união com o Eu. Aqueles que, ambiciosos pelo poder, buscam cegamente os Siddhis, são por eles atacados, despedaçados e transtornados. Os poderes do Eu não podem ser usados em proveito próprio. A fruta alcança seu amadurecimento em sua devida estação, e não antes. O damasco não pode ser fruta até que se desenvolva em árvore.
(Sri Anantran em “Atma-Gnana”)
Capítulo 2: Poderes adquiridos forçosamente
Introdução:
Conforme dito pelo Mestre, sem dúvida grandes poderes estão à espera do nosso amadurecimento para uso em propósitos construtivos, dentro do devido tempo, de forma gradual, natural. Com isso, percebemos que alguém suficientemente adiantado espiritual e moralmente, certamente apresentará grandes poderes. Contudo, o contrário não é necessariamente verdadeiro. Conforme explica Sri Janardanam nesse capítulo, certos poderes podem ser adquiridos artificialmente, ou forçosamente, não significando desta forma, que alguém seja adiantado moral ou espiritualmente, mas apenas suficientemente persistente para criar esta condição. Segundo afirma, o verdadeiro diapasão do buscador deve estar afinado não com o desejo egoísta ou recreativo de obter poderes, ter visões ou manifestações fenomênicas, mas sim, com o desejo sincero de direcionar e conduzir a consciência para a unificação com Deus, por meio do Pranayama – em seu sentido integral.
Mestre:
Partidários entusiastas das práticas de “Controle da Respiração” têm limitado o significado do termo “Pranayama” exclusivamente ao controle da respiração. Estas pessoas têm desenvolvido ou praticado o Pranayana apenas como sendo “A CIÊNCIA DO CONTROLE DA RESPIRAÇÃO”.
Não é possível encontrar pior distorção do que esta, quanto ao significado atribuído a uma palavra-chave do Raja Yoga. Tal equívoco tem sido levado à prática com funestas consequências. Porém, não é nossa intenção defender a posição de que o controle da respiração não deva se estruturar cientificamente, nem tampouco pretendemos afirmar que o Pranayama nada tenha a ver com “controle da respiração”. Apenas ressaltamos que aqueles que declaram que o “controle da respiração” por si só é Pranayama, não têm evidentemente prestado atenção à importância vital do amplo significado concernente ao termo e, portanto, satisfazem-se com uma abordagem superficial que eles dão ao significado conceitual deste tema.
Pranayama está intimamente relacionado ao Yoga, e a desagradável consequência de havê-lo entendido apenas como controle da respiração é o motivo pelo qual surgiu a distorção ou equívoco generalizado, de que aqueles que pretendem praticar o Yoga deverão realizar, como requisito primordial, simplesmente uma série de exercícios respiratórios. É tão grande a generalização dessa falsa concepção de Pranayama que se chega a considerar o próprio Yoga como “controle da respiração”. Esse equívoco conceitual é verdadeiramente trágico. É inconcebível um prejuízo tão desastroso, tanto para o Yoga, como para o Pranayama.
Na literatura Yogue o Pranayama ocupa um lugar tão importante, que se poderia afirmar incontestavelmente que não existe o Yoga sem Pranayama, e que a ausência de Pranayama impossibilita direcionar ou conduzir qualquer das linhas de Yoga. É conveniente levar em conta que não há um Yoga único e sim, muitas linhas de Yoga diferenciando-se entre si, conforme o objeto de contato estabelecido por cada uma delas. A mais elevada de todas as linhas de Yoga é a Adhyatma Yoga (Suddha Raja Yoga).
Em seu estrito significado, a palavra Yoga é aplicável somente a esta ciência (da Adhyatma Yoga) e não às demais linhas de menor amplitude tais como Hatha-Yoga, Laya-Yoga, Ashtanga-Yoga e outras similares. É importante afirmar que essas demais linhas não são necessariamente uma passagem, ou caminho para Adhyatma Yoga.
O Pranayama, que constitui um acessório vital e é a principal ação preliminar para qualquer linha de Yoga, seja ela qual for, tem também múltiplos aspectos; o controle da respiração é um dos seus muitos métodos, ocupando apenas o mais elementar de seus degraus.
Para os estudantes da Adhyatma Yoga (também conhecida como Brahma-Yoga, Suddha Yoga ou Raja-Yoga) a prática de controlar a respiração, em estágio algum deve ser repudiada como prejudicial, dispensável ou obstáculo para o progresso. Vale ressaltar que “controle da respiração” só abrange superficialmente o significado da palavra Pranayama, enquanto que o termo “Swasabandana” pode ser traduzido como “controle da respiração”.
Portanto é evidente que a palavra “Pranayama” significa algo mais profundo que “Swasabandana”. E afirmamos que assim é. O termo “Prana”, em seu sentido geral, indica “energia”, “força vital”, “intelecto superior”, “espírito”, etc. Na realidade a palavra exata e que mais se aproxima ao exprimirmos a ideia ou conceito do que seja “Prana” é “consciência”. Por outro lado, a palavra “Ayama” não significa meramente “restringir e controlar”, e sim, em um enfoque mais amplo, equivale a “expandir”.
Assim sendo, o verdadeiro sentido da palavra “Ayama” é: “conduzindo para”, ou “direcionando para”. Dessa forma “Pranayama” significa: “conduzindo a consciência” ou “expandindo a consciência”. Certamente a CONSCIÊNCIA não é de fato conduzida através de coisa alguma, e sim através de “Deus”. Poderão os yogues modernos argumentar que o controle da respiração tem sido adotado como prática ou exercício preliminar ou preparatório para conduzir a consciência para Deus e, consequentemente, Pranayama seria, portanto, este controle da respiração ou do alento vital, somente.
Ainda que seja usual se substituir o conteúdo essencial pelo seu invólucro externo, ou afirmar uma coisa querendo dizer outra, utilizando-se do eufemismo, não é admissível quando se trata de uma CIÊNCIA EXATA como é o YOGA, citado aqui no seu significado mais amplo de “Adhyatma Yoga”.
O exímio controle da respiração que nesses casos é postulado, é realmente falso. Já temos assinalado que este hábito é inadequado, porque apesar da boa intenção que lhe respalda e de um possível valor terapêutico sob determinadas condições, a Consciência não é conduzida nem se orienta para Deus. Nesta classe de prática, a Consciência é burlada ou enganada de tal modo que, ao ser subvertida ou contornada, dissociada e eventualmente asfixiada, ela toma a direção exatamente oposta, ou seja, é levada ao estado de inconsciência. E é desta “inconsciência” que emergem todos os poderes denominados “Siddhis” com os quais o prestidigitador moderno, assumindo o nome de yogue, entretém o público fazendo-se sepultar vivo e emergindo mais tarde ileso, detendo as pulsações do coração, ou engolindo pregos, venenos, ou caminhando sobre brasas, ou fazendo a prova da corda e uma imensa variedade de outras façanhas. Todas estas prestidigitações são excelentes em si mesmas, porém não conduzem a Consciência a Deus, evidentemente. Com certeza não existe nisso Pranayama. Há mais probabilidade de afirmarmos que o poder mais elevado que estas práticas poderiam gerar é o de “Kichari-Siddhi”, ou seja, o de voar pelos ares; poder este que os adeptos do controle exímio da respiração, segundo parece, ainda não conseguiram desenvolver. Temos as aves que voam e os aviões modernos; portanto não podemos nos maravilhar com o desenvolvimento do poder de voar, pois isso não poderia nos aproximar de Deus uma fração sequer de polegada. Certamente que não.
É verdade que quem recorre a esta prática, o faz acompanhando-a com a entoação de certos Mantras; diz-se também que ela tem como objeto a realização da Divindade, do Deus Supremo em sua manifestação chamada “Nirguna”, isto é, de Deus sem forma, dissociado ou além dos atributos da Matéria (ou Trigunas). Isto é de ordem muito elevada, sem dúvida, porém, na realidade, em vez de se obter a meta de “realizar” Deus em sua manifestação “Nirguna”, ou sem forma, desenvolvem-se os Siddhis¹, porque a motivação da mente que respalda tal intenção implica intrinsecamente em produzir estes poderes. Se os que assim agem tivessem outra atitude interna, perceberiam bem antes, como é inútil interferir na respiração, seja de que jeito for, a fim de se alcançar a REALIZAÇÃO (Deus).
NOTA¹: Siddhis são poderes ou faculdades extraordinárias e fenômenos adquiridos por Yogues de grande evolução espiritual. Existem, todavia, dois grupos distintos de Siddhis. O primeiro refere-se a faculdades ou poderes do “eu inferior” e são apenas a mobilização, controle e manifestação de energias psíquicas da mente, como é o caso de vidência, algumas faculdades mediúnicas comuns, a telecinesia, faculdades de engolir pregos, andar sobre brasas, deter as pulsações do coração e outras mais. São estes tipos de poderes ou Siddhis despertados por excessos do controle da respiração e que obstaculizam o progresso na verdadeira evolução espiritual. O segundo bloco de “Siddhis” pertence ao “Eu Superior” e só são adquiridos após alcançar elevado estágio de evolução; são eles: a clarividência, a telepatia, o dom de curar e outros elevados dons.
(Sri Janardanam em “O Pranayama”)
Capítulo 3: Milagres, visões e seus Verdadeiros significados
Introdução:
Agora o Mestre aborda, dentre outros temas, os milagres em seus diversos sentidos. Com toda precisão e simplicidade, nos mostra o seu verdadeiro significado, e o equívoco cometido ao atrair a atenção para essas manifestações diversas.
Mestre:
Versículo 33: Para que servem milagres que são contrários à natureza? Eis aqui um milagre – quando tu podes cavalgar teu corcel e, com a espada manifestada, defender a Comunidade do Mundo. Com a mesma simplicidade, começará o Novo Mundo. Como frutos amadurecidos, os fatos serão colhidos. O Ensinamento dos magnetos não é, de fato, de milagres, mas de uma manifestação da lei da natureza.
Não oculteis a revelação do espírito, e a espada estará a serviço da ascensão da evolução.
Versículo 43: Eu sinto que o Ensinamento pode tornar-se um pesado martelo para os tímidos. Mesmo recentemente, o terror teria transpassado o coração à simples menção de comunidade, mas já agora vários obstáculos foram ultrapassados. Entretanto, depois de renunciar ao caduco conceito de propriedade, segue-se mais uma prova difícil para a humanidade. Ao assimilar o significado do espírito, é especialmente difícil renunciar aos milagres. Mesmo os Arhats (seres de elevada estatura espiritual) escolhidos por Buda somente com dificuldade afastaram esta possibilidade.
Três Arhats, inoportunamente, rogaram a Buda que lhes permitisse tentar um milagre. Buda colocou cada um num quarto escuro, e os fechou. Depois de um longo tempo, o Abençoado os chamou e perguntou o que tinham visto. Cada um falou sobre diferentes visões. Mas Buda disse: “Agora vós deveis concordar que milagres não são úteis, porque vós não percebestes o principal milagre. Porque vós poderíeis ter sentido uma existência além do visível, e esta sensação poderia ter-vos dirigido para além dos limites da Terra. Mas vós permanecestes conscientes de vós mesmos, como se assentados na Terra, e vossos pensamentos atraíram para a Terra as ondas dos elementos. O intumescer da forma dos elementos provocou agitações em vários países. Vós causastes a queda de rochas e destruístes navios com um furacão. Eis que tu viste uma besta vermelha com uma coroa flamejante, mas o fogo que tu atraíste do abismo queimou as casas de indefesos – vai e leva ajuda! Tu viste um dragão com rosto de donzela, e fizeste as ondas varrerem barcos de pesca – apressa-te com assistência! Tu viste uma águia voando, e um furacão destruiu a colheita de trabalhadores – vai e leva reparações! Onde, então, está vossa utilidade, ó Arhats? Uma coruja, no buraco de uma árvore, passou o tempo mais utilmente. Trabalhai na Terra com o suor de vossas frontes, ou, num momento de solidão, elevai-vos acima da Terra. Mas que a ocupação do sábio não seja a inútil comoção dos elementos”.
Verdadeiramente, uma pena caindo da asa de um pequeno pássaro produz uma trovoada nos mundos distantes.
Inspirando o ar, nós nos sintonizamos com todos os mundos. O sábio prossegue da Terra para o alto, pois que os mundos revelarão sua sabedoria um ao outro. Repeti esta parábola àqueles que reclamam milagres.
Versículo 70: Minhas Mãos não conhecem repouso. Minha Cabeça sustém o peso dos trabalhos. Minha Mente procura a solidez das soluções. O poder da experiência derrota a debilidade alheia. Na iminência de perda, Eu derramo novas possibilidades. Na linha de retirada, Eu construo fortalezas. Nos olhos do inimigo, Eu agito a bandeira. Eu chamo o dia de fadiga, um dia de repouso. Eu reconheço uma manifestação de não entendimento como entulho na soleira. Eu posso ocultar o sagrado nas dobras de uma vestimenta de trabalho. Um milagre significa para Mim somente a marca de uma ferradura. Coragem significa para Mim somente a flecha na aljava. Determinação é, para Mim, somente o pão de cada dia.
Versículo 140: O verdadeiro viajante figura, com precisão, o caminho passado, e expressa claramente a direção desejada. Ele avaliará os acontecimentos anteriores e preverá as melhores possibilidades.
Viajante, como imaginais o caminho além dos limites da crosta terrestre? Tantas forças têm sido gastas para definir a vida no além! Parece às pessoas que elas irão imediatamente se afundar num estado de falta de apoio. Esta falta de firmeza é resultado da observação não desenvolvida.
Viajante experimentado, tu sabes que na Terra estão expressos os embriões de todas as possibilidades. Tu conheces a imperfeição do passado e percebes os embriões de futuras combinações. A imperfeição do caminho atravessado fará lembrar a vida rudimentar dos mundos de consciência inferior. Vislumbres de soluções em novas combinações atrair-te-ão, viajante, para caminhos predestinados, em toda a realidade super-estelar. Para ti, não são necessários sinais místicos; tu percorres o caminho visível e cada folha de grama põe diante de ti um registro das forças da natureza. Fantasmas são para aquele que se senta ao lado da estufa, e para ti, ondas de matéria luminosa. O selo da proibição é para aquele que vive entre quatro paredes, mas para ti, as reais imagens dos raios. Para eles, magia e milagres, mas para ti, a criatividade das camadas puras da matéria.
Viajante, Eu me regozijo de encontrar-te, Eu me regozijo de ver quão firmemente tu prossegues. Viajante, tu sabes o que estás procurando; é possível ajudar-te!
(Mestre El Morya em “Comunidade”)
Versículo 68: Mais uma experiência significativa: acostumai-vos a olhar sem ver e a escutar sem ouvir. Isto é, podeis dirigir tanto a visão para as esferas espirituais que, apesar dos olhos abertos, conseguireis não ver o que está diante de vós. Ou, apesar do barulho evidente, não ouvi-lo através dos ouvidos abertos. Por meio destes testes físicos, pode-se progredir muito na visão e audição psíquicas. Para isto, é útil manter sempre diante de vós, na imaginação, a Imagem do Mestre como O Mais Valioso que vos une com o Superior.
Agora, imaginai por um momento que vós conseguistes criar um microcosmo completo com a ajuda de reações químicas; para este microcosmo, vós sois o criador! Por que, então, é tão difícil para as pessoas imaginar uma corrente infinita de Criadores do mais baixo ao Mais Alto, até o Inacessível? Portanto, falando do infinito, não o imaginemos como algo vazio ou incomensurável, mas como algo pleno em sua incessante ascensão. Será que mesmo na vossa consciência não está expresso todo o Infinito, pois onde estão a medida e o limite de vossa consciência? Assim, do menor até o Maior, avançar por degraus, cujas ligações são visíveis e tangíveis. Nisto, a experiência indicada ajudar-vos-á a ver o invisível através das formas físicas e impenetráveis que ficam diante de vós, e a passar do evidente para a realidade que enriquecerá vosso caminho.
(Mestre El Morya em “Hierarquia”)
Capítulo 4: O Caminho Supremo, perigos e distrações
Introdução:
Por fim, o Mestre aponta a seta para o Caminho Supremo, dando a fórmula, e alertando sobre distrações outras que, especialmente nesse momento, tem acometido muitos estudantes ao longo de suas jornadas.
Mestre:
Para proveito de alguns discípulos que conquanto sinceros, inconscientemente permitem que sua atenção se afaste da Presença Indivisa, desejo contar alguns fatos sem qualquer ideia de intrometer-me no livre arbítrio individual.
Os registros a que me reportarei, Nós os temos em Nosso Poder e abrangem os últimos cem anos (texto de 1932). Desejo falar sobre a ilusão da Astrologia.
Ser algum vivente poderá ocupar-se da Astrologia e penetrar e manter-se na “Presença do EU SOU”. Latente no emprego atual da Astrologia estão os apetites humanos e a oportunidade para justificar e satisfazer os desejos do externo. Neste ponto, deixai dizer algo de causar espanto, que se encontra nos registros que Nós possuímos:
"Não há coisa alguma, nem modalidade de ciência, que tenha originado maiores fracassos ou, indiretamente, mais crimes que a atual falácia da Astrologia”
Na vossa cidade de Chicago, há muitos poucos anos, um brilhante estudante de metafísica, por ter aceitado conscientemente a ilusão do seu horóscopo, foi levado a suicidar-se.
Do que a humanidade mais carece, e os estudantes acima de tudo, é da aquisição da consciência da “Poderosa Presença do EU SOU”, rocha firme sobre a qual poderão permanecer a salvo, e livres das armadilhas da imaginação externa. Não são os aspectos negativos da morte em perspectiva, nem a denominada força estelar maléfica a ser anulada que o estudante precisa conhecer, mas a “Inconquistável, Onipenetrante Presença do EU SOU” que é a Vida única e integral de seu Ser, para a qual sua atenção deve ser dirigida e mantida com inflexível determinação.
Na “Presença EU SOU” não há altura que o estudante não possa atingir, mas se permitir que a sua atenção se ocupe com Astrologia, Numerologia e as muitas “logias” da atualidade, não haverá abismo a que não possa descer.
A prática da Astrologia, no presente, não se parece absolutamente com o emprego que lhe era dado há séculos passados. Naquela época, ela não levava a conclusões negativas de espécie alguma. O grande mal de fixar a atenção em tais conclusões consiste em aceitarem-nas os estudantes muito mais do que desejam admitir.
A sinistra força negativa gerada no mundo pela humanidade se prevalece sempre dessas coisas para atrair e conservar a atenção, especialmente do estudante em progresso, e mantém-na desse modo sobre aquilo que o arrastará para baixo ao invés de o elevar.
Por exemplo, quando num horóscopo é indicada a morte de alguém, várias mentes se fixam nessa ideia e um verdadeiro assassinato indireto é então cometido, e isso de forma tão sutil que os indivíduos em geral se admirariam ao ser-lhes lembrado a colaboração que nele tiveram. Asseguro-vos, porém, que a verdade não será menor, por maior que seja sua surpresa.
Se os estudantes de astrologia pudessem ver por um dia somente, do Grande Ponto de Vista Interno, a força destrutiva gerada e empregada pelo uso da Astrologia no presente, fugiriam dela como de uma serpente venenosa pronta a lhes lançar a morte nas veias.
Eu vos digo, amados estudantes, em nome da vossa Luz e progresso individual, e do progresso coletivo, mantende-vos no âmago de vossa própria “Poderosa Presença do EU SOU”, e não permitais que vossa atenção se detenha ou distraia em coisas externas, se quiserdes evitar a roda sem fim dos nascimentos e renascimentos.
Do Grande Amor do Meu Coração – vendo e sabendo do Ponto de Vista Interno, como ainda não fazeis nem vos é possível fazer – Eu vos concito a evitar tudo o que tenha sabor de condição ou expressão negativa. Então elevar-vos-eis nas Asas da vossa “Poderosa Presença do EU SOU” à Liberdade Eterna e à Bem-aventurança da Luz Perfeita, Eterna e Ilimitada.
Como disse, não desejo de forma alguma intrometer-me no vosso livre arbítrio, mas as Portas da Liberdade Eterna se acham abertas diante de vós, bastando que acrediteis na Verdade que afirmei. Verdade que vos permitirá entrar por essas Portas e receber a Benção Eterna da Luz, que ali vos espera para envolver-vos.
Se houver em vossa Vida, lar ou ambiente, condições de que desejais libertar-vos, ordenai – através da “Poderosa Presença do EU SOU” – que sejam dissolvidas e consumidas diante da Sua Poderosa Luz e Poder.
Amados estudante que vos encontrais sob esta Irradiação: Não mais tratarei desse assunto convosco. Possa a “Presença do EU SOU” em vós tornar-vos capazes de ver a Luz e a verdade de que falei. Vi em vosso íntimo a Luz Gloriosa que pode ser ativada até transformar-se numa Irradiação Deslumbrante, permitindo-vos expressar Perfeição. Por isso, de minha espontânea vontade, ofereci Meu Humilde Auxílio, mas se a personalidade persiste em deixar a atenção manter-se em qualquer OUTRA COISA que não a “Poderosa Presença do EU SOU” – que sei ser a mais Poderosa e Única Presença Exaltadora e Solucionadora de todos os problemas – então os meus humildes esforços serão necessariamente em vão.
Asseguro-vos, queridos discípulos, chegastes a um ponto em que deveis ascender ou descer. Com a vossa firme atenção e convicção constantemente mantida na “Poderosa Presença do EU SOU”, não haverá condição, força ou presença no céu ou na Terra capaz de impedir vossa maravilhosa e gloriosa realização de Eterna Liberdade e Perfeição.
Se não possuis dentro de vós Aquilo que vos fala do Grande Amor Divino que Me permite ditar-vos essa Verdade para proteção vossa, então devemos esperar o momento em que a Verdade d’Ele nasça em vosso íntimo.
(Discurso 16 de 21 de novembro de 1932 - “Os Discursos do Eu Sou”, Mestre Saint Germain)