Sagrado é o Kali-Yuga

“Aqueles que nascem durante o Kali-Yuga serão benditos com a visão de Brahman, terão suas faltas lavadas e purificadas nas águas do Aperfeiçoamento do Ser e poderão compreender o Dharma sem grandes dificuldades. Em Kali, todos os dharmas haverão de unificar-se, e os homens cessarão de criar diferenças e barreiras odiosas. O conhecimento, e somente o conhecimento, constituirá a norma das classes sociais, e todos os ramos do saber estarão acessíveis a todos os seres.”

Sanátana Dharma Dipika

Sagrado é o Kali-Yuga. É assim que o Divino Sri Bhagavan Narayana, Senhor da Compaixão e Protetor do Mundo, exalta as excelências do Kali-Yuga1. É chegado, portanto, o tempo de concretizar-se a vivência plena das excelências de Kali através de uma grande comunhão dos Filhos de Deus, plenos das qualidades do seu Espírito Eterno, formando uma saudável comunidade de fé, parentesco, devoção e culto (Sangha)2. É tempo de materializar-se na Terra aquilo que só existe nas dimensões etéricas das Aldeias Sagradas: o Suddha Sabha. Aquarius é sinônimo de comunhão. O “Amigo de Deus”, simbolizado pelo “Homem” com a bilha nas costas, marca a Era de Aquarius, e está a nos esperar para que abramos o nosso coração e tiremos desse “Sanctum Sanctorum” a “Taça Primordial” para que ele a encha da Água Viva plena de Luz, Força e Poder. Esta Era nos prepara e convida para a grande comunhão dos Filhos de Deus, plenos do seu Espírito Eterno.

A caminhada para essa realização é árdua e penosa. Por isso vos convidamos, caminhante amigo, a materializarmos em nosso planeta o Centro de Luz Suddha que emerge do labor impessoal buscado no Suddha Sabha Atma. Precisamos desse oásis de Luz para as nossas almas, precisamos desse porto de Paz para ancorarmos, cansados que estamos da viagem enfadonha pelo mundo das paixões, das ilusões e das incertezas do ego. Conclamamos a todos a acordarmos do sono em que descansamos como se já tivéssemos realizado o feito.

É chegada a hora, pois, de acordar do sono e da inércia. É preciso, sem demora, lavar e purificar todos os nossos erros nas águas do aperfeiçoamento do Ser, realizando a ação legítima, justa e necessária. Assim estaremos em condições de participar da grande comunhão da Era de Kali. Sendo assim, com humildade e pureza de sentimento, dirigimo-nos a vós, amados irmãos na Luz, esperando que pensem profundamente e assim reconheçam a verdade e compreendam que esta verdade partiu de nós mas não é nossa. Ela é o chamado que há muito ecoa nos céus, provindo dos corações daqueles que amam divinamente – os Mestres. Meditemos acerca dessa Verdade para compreendermos que ela é um chamado que há muito ecoa, proveniente do Coração Misericordioso de Sri Bhagavan Mitra Deva – o Instrutor do Mundo – e transmitida pelos Anciãos do Mandalam, que velam eternamente pelas nossas necessidades. O Bhagavad Shastra3 é o nosso roteiro de vida. Ele nos indica quais ações devemos realizar (Praviti) e quais devemos omitir (Nivriti). Conhecendo sua inspirada palavra estaremos em condição de realizar o nosso ofício de maneira reta no processo do mundo.

Este Centro de Luz, o Suddha Sabha Atma, convida a todos os homens de boa vontade, pois nele todos têm um ofício a realizar no novo mundo. Como construtores, façamos portanto do Bhagavad Gita nossa referência e impregnemos com essa sabedoria cada um de nossos atos, para que nossa vida manifeste-se como exemplo em todos os momentos de nossa existência. Nesse Centro de Luz o exemplo vivenciado na prática é a nossa arma suprema, pois só assim poderemos pregar a todos os seres com coerência, através de fatos e não apenas com palavras, que os princípios do Dharma Eterno são plenamente possíveis de serem aplicados em nossa vida.

Como aspirantes à Liberação não podemos perder de vista o que o Sanátana Dharma Dipika nos aponta como deveres fundamentais de todo Servidor (Dasa)4:

  1. Adhyana – O estudo constante sobre Brahman, à luz de seu símbolo, o Pranava “Om”.
  2. Adhyapana – A promulgação de ensinamento, que consiste em incentivar no outro a excelência de tudo ver com atitude equânime.
  3. Yagna ou Sacrifício – A atitude que permite ao aspirante ficar face a face com o próprio Eu superior, como também com o Supremo Ser. Representa oferenda com Invocação.
  4. Yagnaha ou condução de um sacrifício para outrem – É a visão de si mesmo em toda parte, através do estabelecimento de Yagnas apropriados.
  5. Dana (Dar-se) – É a entrega irrestrita do Eu a Brahman, através da meditação no Absoluto ou Suddha Yoga.
  6. Pratigraha – Empenho constante de purificação e preservação de nossos corpos com o propósito de observar o Dharma.

O exemplo de uma vida coerente deverá ser a excelência de nosso labor, pois constitui a síntese do Conhecimento (Gnana), do Desejo (Iccha) e da Atividade (Kryia). Como todo ato sintético, o exemplo guia eleva e conduz as demais pessoas ao Atma-Gnana ou Sapiência Espiritual.

Gita - Cap. XXIV, sloka 5 
“A adoração (a Deus), feita com discernimento sintético, é superior à realizada por meio de atos dedicados meramente aos muitos Aspectos Manifestados da Divindade. Toda atividade sintética conduz a Atma-Gnana, ou entendimento espiritual.”

Gita - Cap. XXIV, sloka 7 e 8
“Quando um Gnana-Yogue de iluminado entendimento executa ações, outras pessoas o imitam e as executam também; o mundo adota o critério (de ação) que ele teve para atuar, e segue-o.”

"O Gnana-Yogue de iluminado entendimento deve, tendo em vista o bem-estar do mundo, executar as ações desapaixonadamente, porém tão intensamente quanto aqueles que, sem discernimento espiritual, executam atos intensamente apegados a seus frutos.”

Portanto o serviço desinteressado ao Mundo é a nossa tônica e constitui o principal dever de todo Dasa, sem o qual não poderemos participar do renascimento do Homem Novo, o Homem Luz, o Homem Cristificado.

Todo Membro do Suddha Sabha Atma deve recordar diariamente os ensinamentos abaixo transcritos, que nos legaram os Anciãos do Mandalam:

“Realizar, em ordem e em todo o tempo, o serviço desinteressado ao mundo, em espírito de fraternidade, cumprindo os deveres que lhes correspondam neste sistema evolutivo mundial;

Ocupar-se com atos que sejam produtores de bem, e que ajudem ao maior número de pessoas, sem prejudicar a ninguém;

Exercitar-se na meditação no Senhor, no coração.”

Depois de assim recordar esses ensinamentos sagrados, os Dasas devem dirigir-se aos Mestres do Mandalam nos seguintes termos:

“Eu agora me entrego ao labor que hoje me está designado. Se nele houver algo de impuro ou deficiente, ou que for excessivo, rogo-vos nobres sábios, que me perdoeis.”

No Suddha Sabha Atma a Verdade nunca será imposta a ninguém, embora aqui a Verdade e a coerência na vida sejam sempre oferecidas como princípios do Código de Ética do Homem dessa Era.

“As pessoas cujo discernimento átmico foi obscurecido pelas três qualidades da matéria, se apegam ao fruto da ação no processo samsárico mundanal. Os yogues, de perfeito conhecimento, não devem perturbar nem forçar tais pessoas de limitado e embotado entendimento.” Gita, Cap. X, sloka 22

Também aqueles carentes de atitude conciliatória não encontrarão no Suddha Sabha Atma o lugar apropriado para seu labor. Aqui, nesse lugar, busca-se entrar em contato com o Atma para se permitir que Ele esparja para todos os seres os seus efúlvios sagrados de Paz, Concórdia, Sabedoria, Amor, Poder e Glória. Gostaríamos de observar ainda muitos pontos que regem uma conduta exemplar a todos nós, pois há um número infinito de propriedades que definem o Homem de Kali. Por isto conclamamos todos os homens e mulheres cujos olhos e ouvidos do espírito vêem e escutam a ensinar a possibilidade de sermos amigos de Deus. Que nossa vida seja uma vida coerente de exemplo, de compreensão e de Amor. Convidamos para juntos, disceminarmos, não uma nova religião, mas sim a antiga e auspiciosa Suddha Dharma, que é benéfica para todos os seres e que pode ser aplicada, sem distinção alguma, a todos os seres humanos. Esse é o cerne da missão que Sri Bhagavan Mitra Deva – o Divino Amigo – veio implantar em nosso planeta.

O que nos espera é um árduo trabalho, mas é também uma vitória triunfante de ver nascer o Homem Novo, cuja origem e fim é o seu coração. O homem cuja meta é a suprema comunhão com o Atma, o Espírito de Deus, que reside eternamente no Santuário de seu próprio coração. Nosso convite é para a busca de uma vida intensa, do mergulho no seu interior e não a periférica permanência no exterior de si mesmo.

Este é o Homem Suddha, este é o homem que deverá compor este Centro de Luz .

Caminhante Amigo, resolutamente aspiremos a eterna bem-aventurança do sagrado encontro.

Do meu coração, o mais terno e eterno Amor...

Om Namo Narayanaya
Om Mam Sri Bhagavan Mitra Devaya Namah
Om Namah Shivaya
Om Sri Yoga Deviay Namah
Om Hrim Shrim Klim Aim Sauh

Surya Yogui Dasa
Francisco Barreto Neto 
Gnana-Datha

 

Surya Yogui Dasa

Francisco Barreto Neto, Iniciado com o nome Surya Yogui Dasa, é Gnana-Datha e Instrutor do Suddha Dharma Mandalam e dirigente do Suddha Sabha Atma, em Sergipe, Brasil. Recebeu de Sri Vayera e Sri Anantram a Iniciação como Gnana-Datha do Suddha Dharma Mandalam em 1981, e desde então consagrou sua vida à difusão dos ensinamentos milenares da Ciência Sintética do Absoluto. Na sua viagem à Índia, esteve com Sri Anantram durante 30 dias, numa peregrinação a alguns lugares fundamentais da nossa Augusta Ordem, pelo Sul do país. De volta a Aracaju resolveu fundar uma nova Instituição denominada Grande Síntese – Instituto Cultural para o Florescimento do Homem, que tem um amplo trabalho em Sergipe e outros estados. Nesse texto ele esclarece sobre as características do Kali-Yuga ou Idade Negra do Mundo.

Notas 

  1. A palavra Yuga significa período cósmico ou Era. O início do Kali-Yuga (Era em que vivemos) ocorreu há cinco mil anos e apesar de sua aparente conturbação torna-se possível acelerar a evolução da raça humana pela observância e vivência prática do Dharma Suddha. Nesse Yuga (Era) a qualidade trigúnica dominante é Tamas. Nela, 75% das pessoas deixarão de observar o Dharma (assim já está previsto). O advento do Kali-Yuga ocorreu há pouco mais de 5.000 anos e desde então o Dharma vem perdendo sua eficácia uma vez que a qualidade Tamas (ou ignorância) ameaçou estender seus tentáculos a todos os seres humanos. No início do Kali-Yuga veio o Buddha Avatar com a missão de inculcar no planeta o princípio Ahimsa, que se resume em não causar dano a nenhum ser vivente, a acabar com os funcionamentos de violência. Por ser o último período do ciclo evolutivo de quatro Eras dos seres humanos no planeta, nesse último período do Kali-Yuga é possível acelerar nossa evolução e alcançar a realização bastante para isto a observância de forma coerente dos Princípios do Suddha Dharma. No Kali-Yuga todos os homens chegarão a formar uma só classe e passarão a seguir um único código de conduta. Apesar disso nos parecer quase impossível em meio a tanta violência e ignorância é chegado o momento de difundir o Novo Dharma, o Suddha Dharma.
  2. Sangha é o nome dado à comunidade buddhista, cujos membros são amantes da virtude que empreendem e mantêm ações positivas – mental, verbal e fisicamente – a fim de despertarem a si mesmos e aos outros no caminho da Iluminação.
  3. Bhagavad Shastra é qualquer Obra aceita como Autoridade Religiosa. São Escrituras Sagradas, Instruções, Doutrina. Para nós encontramos os Shastras no Srimad Bhagavad Gita.
  4. Dasa é o ser que, por suas ações justas e meritórias e também pelo estudo e ensinamento da Ciência do Ser, conquista o respeito e a estima do mundo. Ele alcança por seus próprios atos, o conhecimento de seu próprio Ser, dedicando-se a servir a humanidade. Sanátana Dharma, Cap. II sloka 62 a 64.

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